Numa campanha que
fizemos contra o piolho na comunidade da Ilha Bela em Cubatão, indo de casa em
casa avisando os pais, distribuindo xampus cedidos por alguns comerciantes,
tentamos também conscientizar sobre o lixo acumulado nas ruas. Era muito alarmante
o índice de crianças com esta praga.
Chegamos à casa do
Tião. Ele estava muito cabisbaixo. Celina, sua mulher, estava lhe reprimindo:
- Você que é culpado
da nossa filha está perdida...
- Mas, Celina, eu
sempre quis o melhor pra ela.
- Éd, você se lembra que
ele não deixava a coitada da menina nem namorar. Vivia pregando discursos da
igreja no ouvido dela – disse Celina se desabafando.
- Mas ele fez certo,
Celina. Precisamos por cabresto nesta molecada – disse Roberval seu cunhado.
- Fez tão certo que a
menina está presa. Virou drogada – Celina falou chorando.
- Se acalma Celina, o
nervoso só atrapalha mais – disse com muita pena.
- Éd, este homem só
vivia batendo na Anjinha, nunca a levou para passear. Nunca fizemos uma viagem,
nunca fomos uma família – Celina falava soluçando.
- Mas eu não tinha tempo. Precisa trabalhar – Tião disse emburrado.
- Mas eu não tinha tempo. Precisa trabalhar – Tião disse emburrado.
- Agora, para a igreja
tinha tempo de sobra. Nem dinheiro dava a menina. Preferia dar para o pastor –
disse Celina.
- Anjinha sempre foi
malcriada. Nasceu revoltada – Roberval quis defender o irmão.
- Que diabos de pai
que dá mais valor a igreja do que a própria família? - questionou Celina.
- Não podemos esquecer
Deus! – disse Tião.
- Gente! É preciso
arrumar um bom advogado para a Anjinha e, não deixar faltar nada pra ela –
disse emocionado com sua mãe. Tive que me conter, ficar na minha. Mas deu
vontade de falar que muitas vezes estamos mais com Deus, reunido com a família
num lazer gostoso, do que implorando uma ilusória benção dos céus.
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Será que é vergonha roubar mas não poder levar?
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