Joaquim foi criado à base de tapas e pontapés. Seu pai, português bravo, não era brincadeira não. Quando menino apanhava só pelo fato de não pedir a benção para o cruel pai, como se fosse uma continência de quartel. Uma resposta de Joaquim sem mencionar a palavra senhor no final da frase, era motivo para brigas. Tinha que falar sim Senhor ou não Senhor. O Português era carrasco.
Joaquim começou a trabalhar cedo como os seus irmãos. Na roça sofria com o serviço árduo. Para o pai, era cômodo ter bastante filhos, pois não precisava contratar empregados, tinham os filhos para explorar.
Joaquim cresceu e foi embora revoltado. Nunca teve amor de pai e nem de mãe. Eram pessoas muito rudes, que tinham filhos como animais. Um dia, quando voltou a sua casa de infância, só ouvia reclamações e cobranças. O seu pai ainda teve a capacidade de jogar na sua cara que o pôs no mundo, criou e deu educação, e, no entanto, Joaquim não lhe agradecia devidamente como ele merecia.
Em outro caso, Walter – Capitão do Exército, se casou e teve um filho. No início foi tudo maravilhoso. Sua mulher parecia que realmente gostava dele, mas o destino cruel revelou uma traição. Ele se sentindo humilhado e traído, se separou.
Na separação teve que deixar a casa que construiu com tanto esforço, e pagar a pensão alimentícia do moleque. Sua ex-mulher virou putona, saiu com vários caras da vizinhança. Walter ficou despedaçado como homem e pai. Ele teve que firmar a cabeça para seguir sua vida e não fazer besteira. Todo mês pensão e a dor da casa perdida. Não tinha nem ânimo para ver o filho, mas mesmo assim se sacrificava no ridículo em suas visitas quando os vizinhos, com seus olhares reprovadores, lhe fulminavam a alma.
Walter construiu um castelo de areia. Perdeu grana, casa e sonhos. Seu filho quando cresceu ainda lhe cobrou de mais carinhos e consideração.
Quem será que foi mais pai? O pai do Joaquim, bruto e ignorante, do 1º caso, pelo fato de não abandoná-lo, mas lhe judiando feito um cachorro? Ou o Capitão Walter, que tomou uma atitude de homem por não querer ficar com uma safada, e ter se separado dignamente? Ele preferiu se separar, ao invés de continuar casado e estar amargando a dor de corno, descontando através de porrada na mulher e no filho como muitos fazem.
Às vezes, a falta de um carinho é compensada pela ausência de brigas e pontapés. E, separação com casa e pensão não é abandono nunca. Quantas mulheres separadas com filhos estão na rua da amargura pagando aluguel por não ter conseguido uma casa na separação? E, muitas ainda nem recebem pensão, pois seus ex-companheiros se mandaram.
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Será que é vergonha roubar mas não poder levar?
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