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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Muito mais que um massacre

Mariúcha Fontana – Opinião Socialista

Genocídio. É única palavra que descreve o que está acontecendo com os guaranis Kaiowás. Segundo o Conselho Missionário Indigenista (Cimi), nos últimos 12 anos, foram assassinados 390 kaiowás. É uma média de 30 assassinatos por ano. Os relatos dos kaiowás sobre as barbaridades cometidas pelos fazendeiros e pistoleiros são de arrepiar.

Os kaiowás sempre viveram nas terras do sudoeste do Mato Grosso do Sul. Porém, desde que os colonizadores chegaram à região, seu território foi roubado. Roubaram inclusive seus nomes. A maioria dos sobrenomes dos kaiowás foi dado pelos donos de fazendas que invadiram suas terras.

Além dos assassinatos, outro fato que chama a atenção são os mais de 700 suicídios registrados entre os kaiowás. Sem sua terra original, sem poder plantar seu roçado e manter seu modo de vida, o suicídio se tornou uma via de fuga desesperada.

Em 2012, uma carta dos kaiowás comoveu o país e teve ampla repercussão. A carta falava em “morte coletiva” e foi interpretada como um anúncio de suicídio coletivo dos indígenas frente a uma ordem de despejo da terra onde viviam.

“Quando os nossos se suicidam, é porque não conseguem lidar com a humilhação e com a violência que sofremos que tiram a nossa dignidade; dizem que mulheres se suicidam por brigas com os maridos. É mentira. As mulheres se suicidam porque não suportam os estupros dos pistoleiros, a violência física. Isso fica marcado na nossa alma. Isso não é suicídio. É assassinato”, acusa Valdelice Veron (uma das lideranças).

Envenenamento

Não é só com bala e pistola que os fazendeiros tentam liquidar os kaiowás. É também com envenenamento da água e da comida, com a pulverização de agrotóxico lançado por aviões sobre as aldeias.

Na aldeia Takuara, a matriarca Julia Veron mostra como o pequeno roçado de mandioca foi destruído pelo agrotóxico. A matriarca mostra uma espiga de milho totalmente ressecada. “Isso é por causa do veneno que eles jogam nas nossas plantações”, explica. O veneno também é despejado sobre as aldeias e atinge velhos, mulheres e crianças.

A matriarca e seu filho, o cacique Ernesto Veron, nos levam até um pequeno riacho utilizado pelos indígenas para beber água. De repente, nos deparamos com um imenso lixão à beira do riacho. O lixo foi atirado por um fazendeiro e seus capangas justamente para impedir que os indígenas possam consumir aquela água. Ernesto diz que já denunciou o caso ao Ministério da Justiça, mas nada foi feito.

A fazenda pertence ao fazendeiro Jacinto Honório Silva Neto, acusado de ser um dos mandantes do assassinato do pai de Valdenice e Ernesto, o cacique Marco Veron, morto a pauladas por jagunços em 13 de janeiro de 2013.

“Só vou parar de falar quando o fazendeiro me matar, quando o pistoleiro acabar comigo. Mas eu vou morrer tranqüilo porque eu to lutando. Eu não sou bandido. Sou apenas uma liderança, um cacique rezador”, fala Ernesto, no meio do lixão, enquanto agita nas mãos sua lança e um chocalho, evocando com sua reza os espíritos kaiowás. A cena é de gelar a espinha.

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Será que é vergonha roubar mas não poder levar?
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Consciência

Fora corrupção.Vamos viver, pelo menos, com decência!!! A formação política dos chilenos, como de todos os hispano-americanos do começo do séc. XIX, era algo de uma ineficiência gritante. Quase que sem transição, viram-se esses povos donos de seus destinos, sem preparo para a difícil tarefa de governar. Surgiram à tona todas as AMBIÇÕES.