Paulo Solon – Tribuna da Imprensa
“Pessoas que são
íntegras e corretas por terem medo de Deus não podem ser dignas de crédito” –
SENSITIVISTA.
O medo e a culpa geram
o surgimento de “falsos Messias”, como o genial Sabbatai Sevi, o qual soube se
beneficiar do supracitado binômio em meados do século XVII. Idiota é quem não
sabe se beneficiar desses dois sentimentos primários e toscos. Daí eu confessar
agora uma leve admiração pelo “bispo” Macedo e por sua obra de exploração e de
hipnotismo dos pobres e idiotas para lhes arrancar dinheiro.
Sabbatai Sevi logo
vislumbrou uma oportunidade de se beneficiar com a condenação das teses de
Spinoza. A religião, ou sua negação, constitui excelente oportunidade para os
oportunistas tirarem vantagem. Sevi logo se elegeu o escolhido para levar os
exilados de volta á Palestina, promovendo verdadeiro frisson em comunidades
histéricas judaicas.
A decência humana não
deriva da religião. É anterior a ela. Mas a religião apodrece tudo e tudo
contamina. Os cristãos inventaram um inferno que tudo consome e contra o qual
não é possível recurso.
Conforme está lá nos
Protocolos dos Sábios do Sião, os jesuítas foram capazes de espalhar a “praga
do cristianismo” pela face da terra. Gandhi teria dito que adotaria o
cristianismo, se não existissem os cristãos. Herr Doctor Einstein declarou:
“meu Deus é o Deus de Spinoza”. Jean Calas foi quebrado na roda e depois
enforcado por ter pretendido converter sua empregada ao protestantismo.
Quando os primeiros
missionários cristãos apareceram, os chineses perguntaram: “se Deus se revelou,
por que ele deixou tantos séculos passarem antes de nos informar?”
O Vaticano e as
autoridades calvinistas da Holanda aprovaram com grande entusiasmo a histérica
condenação judaica a Baruch Spinoza, unindo-se à queima de sua obra pela Europa
inteira. Spinoza questionou a imortalidade da alma e pediu a separação entre a
Igreja e o Estado. Panteísmo é ateísmo?
Qualquer religião não
passa de engodo. Todos os exemplos da Bíblia não passam de metáforas e
alegorias. Tudo invenção. Livro sangrento, com punições selvagens e genocídios
cruéis. Mandamentos sangrentos sobre apedrejar crianças e queimar bruxas.
Delícia para os sádicos clericais, louvadores de um deus mal humorado,
implacável, sanguinário e provinciano, mais medonho ainda quando estava de bom humor.
E baseados nele, os cristãos mais devotos produziam os senhores de escravos
mais selvagens.
Certa ocasião, na
minha pré-adolescência, fui instado à freqüentar umas palestras sobre a
escritura, proferidas pela madre Bardia, freira espanhola fundamentalista que
em certo ponto se superou. Disse ela que Jesus brevemente retornaria do mesmo
jeito com que subiu aos céus, sendo seu retorno presenciado por toda a
humanidade. Foi quando ocorreu minha primeira experiência em questionar a
hipótese de um criador responsável por ter me feito como sou. Observei que o
termo brevemente precisava ser definido com precisão e que o retorno, ou a
segunda vinda, não poderia ser tido como do mesmo jeito que a subida aos céus,
de vez que não havia registro histórico de que a humanidade inteira havia
presenciado tal subida do “verbo encarnado”. Foi o suficiente para eu sofrer
uma reprimenda da madre.
Hoje digo que se
Belzebu a escolheu para me levar ao ateísmo, ele era bem mais ladino que a
serpente que induziu Eva. Eu sentia que a professora havia conseguido minar a
minha incipiente fé. Eu já sabia que a terra era esférica e que Jesus voltando
em um ponto geográfico não poderia ser visto por pessoas que, por exemplo,
estivessem situadas em outro Hemisfério. Não se pensava ainda em satélites
artificiais de comunicação, ou em telões. A madre idiota retrucou que para Deus
nada é impossível, ainda que estivesse ciente de que não poderia haver chuva
com céu sem nuvens. Argumentou que Jesus ficaria estático, aguardando que o
nosso planeta concluísse sua rotação de 24 horas. Foi o início da minha
descrença generalizada.
Opinião
Éd Alemão – O
importante é acreditar na construção de uma sociedade melhor, para isso
precisamos acreditar nos ensinamentos dos iluministas: Jesus, Gandhi, John
Lennon, Buda, Chico Xavier, etc. Mas não os confundindo com Deuses, pois todos
nós somos criaturas e criadores.