Marcus Vinicius Batista –
jornalista e professor universitário
Vamos começar pelo bê-á-bá.
A escola brasileira, salvo exceções, é chata. Seja honesto: você conhece
alguém, a partir do primeiro ano, que gosta de escola? O ensino brasileiro
oscila entre a música “Another Brink in The Wall”, do Pink Floyd, com as
crianças marchando em fila, e a Escolinha do Professor Raimundo.
As escolas brasileiras são,
em sua maioria, tradicionais, repletas de conteúdos para decorar, filhas dos currículos
engessados e padronizados, que dispensam as particularidades regionais,
culturais e sociais. Nas escolas mais ricas, as apostilas pasteurizam o
conhecimento. Nas mais pobres, prevalece a ausência de continuidade. Salvo
exceções, os processos de ensino estão atrelados aos prazos de quatro, oito
anos no máximo, conforme o mandato.
As escolas brasileiras se
transformam, cedo ou tarde, em depósitos de professores desmotivados. Discutir
salário é necessário, mas é problema-clichê. Muitos professores têm
deficiências de formação e representam o centro de um círculo vicioso, pois
tentam construir pessoas em um modelo que os formou.
As escolas são, via de
regra, vítimas da mentalidade política brasileira, preparada para não abrir a
porta do conhecimento, para desviar o foco do que interessa. Se todos os
projetos de lei que criam disciplinas fossem aprovados no Congresso Nacional,
teríamos mais de 300 matérias. De corte e costura à economia doméstica. Somos o
país do futuro e das metas nunca cumpridas.
Neste cenário, o movimento
Escola sem Partido é mais uma daquelas soluções de falso milagre que pipocam no
mundo da Educação. Desta vez, com a má fé em esconder a própria ideologia e,
assim como tal, estar carregada de preconceito. Má fé porque mascara a vontade
de impor uma visão moralista de mundo. E se deixa utilizar, por conveniência,
como instrumento eleitoral.
O movimento Escola sem
Partido pouco merece atenção, pois é um festival de bobagens que se preocupa em
ganhar a conversa, em vez de pensar a educação brasileira. Desta vez, sem
exceção.
COMENTÁRIO
Éd Alemão
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Será que é vergonha roubar mas não poder levar?
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