“Muitas vezes somos obrigados a fazer
algo para não fazer o pior” – SENSITIVISTA.
Havia um rapaz que conheceu uma
moça que tinha acabado de cometer aborto. Ela estava sozinha, sem família e
desempregada. Tinha chegado de Santa Catarina, depois de ter rompido com o
companheiro quando lhe pegou beijando outra. Esta moça era filha de um cara
muito rico que não a queria mais por ter fugido de casa com o namorado para
viver no Sul. Este rapaz lhe estendeu a mão quando a mesma lhe telefonou
pedindo ajuda. Ela conseguiu seu telefone através de uma amiga – Vera.
A Vera lhe deixou ficar em seu apartamento. Mas, quando pediu para a moça servir
de testemunha num processo judicial contra o seu pai, elas se desentenderam, e
o rapaz veio em seu socorro e a levou para sua casa. Morando juntos, rolou um
clima, logo ficou grávida. O rapaz tentou falar com o pai dela que estava com
boas intenções, mas o mesmo lhe tratou como um cachorro, apontando uma arma e
lhe fazendo ameaças.
O rapaz foi chamado até na Delegacia. O pai da moça inventou que ele estava o
ameaçando. O tempo passou, eles casaram e tiveram duas filhas. O pai dela
continuou afastado completamente, dizia que tinha até lhe deserdado.
Esta moça era muito perturbada, vivia vendo espíritos, vozes e alucinações.
Descia até pomba-gíria nela. O rapaz ia trabalhar aflito, deixando esta moça
sozinha com as crianças. O seu dinheiro era escasso, e ele dependia de comissão
de vendas para sobreviver. Não tinha ninguém para lhe ajudar. Passaram-se 7
longos anos, e o relacionamento entre eles ia de mal a pior. A moça era muito
esquizofrênica, tinha ataque epilético até dormindo. Havia manhãs, quando despertava,
que nem reconhecia as próprias filhas. Era uma situação insuportável para o
rapaz que sofria com humilhações, xingos e gritarias. Quando descia a
Pomba-Gíria, fazia uma série de ameaças e ofensas. Algumas vezes queria se
matar, outras vezes, tornava-se agressiva.
O rapaz procurou médicos, psicólogos, igrejas, até a umbanda, mas nada
adiantava. Ele ficava cada vez mais desanimado e enfraquecido, a ponto de
enlouquecer. Foi quando aconteceu a última gota deste suplício. A moça teve um
ataque de ausência fritando carne, no qual, ao invés de pegar a espumadeira,
pôs a própria mão para virar a carne. Uma loucura! Para amenizar o estrago, a
empregada que estava do lado, quando percebeu, lhe tirou de imediato a mão já
queimada.
Com esse episódio, o rapaz ficou mais de um ano indo ao médico com a
problemática, gastando uma fortuna em medicamentos e cirurgia. O rapaz não se
conteve, queria sair daquele inferno, não agüentava mais. Pediu as contas do
serviço, e foi para Santa Catarina tentar achar uma cura num lugar mais calmo e
perto da família dela. Mas, as coisas complicaram, ele ficou 2 anos
desempregado, só gastando o que tinha juntado. O governo, na época, liberou as
importações, e muitas empresas nacionais foram à falência. O panorama no Brasil
era pessimista, de muito desemprego.
O rapaz tentou se matar, pensou em matar a mulher, mas
acabou decidindo fugir. Foi a melhor opção sem dúvida nenhuma, se não estaria
muito louco. Mas esta fuga foi mais um distanciamento, porque ele não deixou
ninguém desamparado, que fique bem claro isso. Deixou casa própria toda mobiliada, se
separou judicialmente, e pagou a pensão das filhas por 9 anos ininterrupto até
entrar numa crise financeira desgraçada.
Vejam – www.ed10alemao.wordpress.com