As
pedaladas da Dilma
Celso Ming – analista
econômico e jornalista
O Governo Dilma
comprometeu-se perante o Congresso a cumprir as metas fiscais. Como não fez
nenhuma questão de cumpri-las, seguiu inventando despesas novas (ou, simplesmente,
aprovou enormes renúncias fiscais sem ir ao Congresso). Para manter as
aparências, escondeu as despesas extras, aumentou dramaticamente a dívida
pública e produziu inflação. Como a fraude acabou sendo descoberta, a confiança
na política econômica sofreu uma erosão do tipo voçoroca.
A conseqüência imediata
foram rombos seguidos nas contas públicas e a impossibilidade de continuar com
as pedaladas. Em seguida, sobreveio brutal recessão, que em apenas dois anos
(2015 e 2016) vai derrubando o PIB em cerca de 8%, sem data para ser revertida;
a inflação, que foi para 10% ao ano e a muito custo está cedendo; o desemprego,
que vai para 12% ao ano; a perda de renda do trabalhador; e o rebaixamento da
qualidade da dívida pública pelas agências de risco.
Nesta semana, a presidente
Dilma afirmou que não foi ela quem inventou as pedaladas e que são fartamente
praticadas por governadores e prefeitos sem que sejam alvo das mesmas acusações
– e do mesmo castigo. Pode ser.
O que se pode acrescentar é
que não foi uma ninharia. Em 2015, as pedaladas envolveram nada menos que R$
72,4 bilhões. Por trás delas não estão apenas despesas sociais. A maior parte
dessas despesas extras beneficiou empresas e a chamada bolsa empresário. Por
isso, quando diz na TV que as pedaladas não passaram de um fiado feito na venda
da esquina para garantir, no fim do mês, o Bolsa Família e o seguro-desemprego,
a presidente Dilma não continua apenas a esconder uma fraude grave, mas também
apela para a enganação da opinião pública.
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