Uma empreiteira candidata-se a
obras públicas oferecendo preços mais baixos, ainda que depois de ganhar a
concorrência, imponha reajustes capazes de tornar seu trabalho muito mais caro
do que os vigentes no mercado.
Claro que o funcionário ou o partido político que aprovaram o contrato recebem presentes e propinas bem acima de seus vencimentos ou contribuições. Quando se tratam dos grandes servidores públicos, que por razões variadas precisaram deixar o cargo, não resistem à tentação de tornarem-se consultores das empresas que privilegiaram. Ou até programaram toda a equação.
No caso dos partidos, se conseguem galgar o poder, esquecem propostas éticas dos tempos de oposição para transformar-se em quadrilhas empenhadas no enriquecimento de seus dirigentes.
O
deputado aquinhoado com vultosas doações para sua campanha eleitoral jamais
deixará de aprovar projetos favoráveis ao doador, mesmo duvidosos. Quantos juízes arquivam processos
ou decidem de acordo com os interesses do escritório de advocacia que, por
coincidência, pertence a seus filhos ou sócios antigos e futuros?
Mas tem mais. Qual a organização religiosa que não recolhe fortunas ameaçando os incautos com o fogo do inferno ou prometendo o passaporte para o paraíso? Qual o meio de comunicação, grande ou pequeno, que não subordina a notícia aos interesses de seu proprietário? Ou à inclinação política e ideológica de seus artífices?
Carlos Chagas
Ninguém
pode lamentar-se da grandeza da esperança e do entusiasmo, pelo motivo da
humanidade tosca preferir constantemente a mentira que a verdade, a escuridão
que a luz, a guerra que a paz, nunca conseguindo desviar-se do pantanal de
detritos e porcarias.