Na
década de 60 existia uma família em Alagoas muito rica. Fazia parte da elite da
cidade. Tradicional e religiosa. Uma das filhas se casou com um pobre. Eles se
revoltaram com o casamento. Não respeitaram o seu livre arbítrio, o desejo
de escolha da moça. Ela ficou discriminada. Já que não fez o desejo do pai,
teria que sofrer como o diabo na cruz. Jesus para Roma é como se fosse o diabo,
ele criticou a fé nos deuses romanos, ele criticou a cultura escravista de
Roma. Roma dominava o Mundo.
Sem
apoio para nada e muitas vezes perseguida psicologicamente foi levando sua vida
à trancos e barrancos com seu marido e depois filhos. Hoje com 68 anos, depois
de ter passado tantas dificuldades, ainda sofre economicamente e
emocionalmente. Sua família fez contato para avisar da doença da mãe. Até na
hora de visitar a mãe no hospital foi agredida moralmente. Cobraram da sua
participação na despesa do hospital. Sua mãe ficou feliz em vê-la, mas já com o juízo fraco lhe
ofereceu chorando sua comida na desconfiança que estaria passando fome. Tudo
que lhe ofereciam para comer deixava a metade falando que era para a filha. Era o peso da sua consciência.
Em
outra situação uma família hipnotizada também pela religião se auto condenou
pelo sentimento do medo e compaixão. Tudo para os pais, principalmente para a
mãe era dor, tristeza e escuridão. Não se fazia nada sem pensar “ai meu Deus!”.
A cruz era pesada. Os homens maus. Tudo era absuuurdo.
Os
filhos se tornaram depressivos e inseguros devido a tantos cuidados, sem
confiança para nada. Foram criados para serem perdedores. E a obrigação de irem
para a igreja se ajoelhar e confessar era impecável, se não Deus não
protegeria. Mesmo com tudo ao seu alcance: casa, emprego, família, filhos,
escola, saúde, o seu Deus não permitia ser feliz.
Numa
outra situação uma família de retirantes nordestinos, não tão obcecados pela
religião e unidos e confiantes no futuro, chegaram à Santos. Sofreram com a
miséria. Moraram em palafitas no mangue. Sentiram o drama do alcoolismo do pai.
Depois veio a separação, a ida para São Paulo. Tiveram que lidar com enchentes,
perderam seus móveis. Quase morreram afogados enquanto lá no Norte era a seca.
Mesmo com tudo isso não desistiram e sempre viram uma luz adiante, e zelaram
pelo mais importante – o emocional: o sentimento bom de família. Daí nasceu um
presidente.
Trabalhar
a fonte do desejo e das emoções nas pessoas é tarefa muito complicada. São
energias que se estendem e retrai. São sensíveis e explosivas. Orientar uma
comunidade tão heterogênea com uma cifra é pensar que o coração é de pedra –
“Amai, quando há tanta injustiça, desrespeito e crueldade”. E, no que dizer do
perdão e compaixão. Muitas famílias
alienadas chegam ao ponto de defender o carrasco de um marido mau, ou esposa,
ou filhos degenerados, pessoas destruidoras e desgraçadas que jogam o seu
veneno contaminando as almas daqueles que convivem. E, mesmo assim são adoradas
como na síndrome do seqüestrado, quando a vítima passa a ter pena ou simpatia pelo
bandido.
“Almas
caridosas têm vindo para espicaçar-lhe o desejo de uma beatitude celestial para
cá da morte, aplicando sedativos às suas chagas purulentas, não me animam
semelhantes objetivos. Não lhe darei consolações nem conselhos. Grande soma de
desprezo pude acumular, felizmente, pela sua vida detestável onde a púrpura
disfarça a gangrena. Deus não me deu ainda a funda de David para vencer esse
eterno Golias da iniqüidade. Não é porque eu tenha sido aí um santo, que não o
fui. Ambientes existem que revoltam, certas individualidades, sem amoldá-las ao
seu modo, e, fora do abismo, experimenta-se o receio de uma nova queda”.
A evolução das megeras - http://epoca.globo.com/vida/noticia/2014/06/evolucao-das-bmegerasb.html
MAIS UM FILHO DE DEUS -